Já que o assunto do momento neste blog é livro, vamos lá! Sugiro este livro da chef argentina
Juliana López May, com receitas saudáveis como sucos, sanduíches e sopas, além de saladas, pizzas, sobremesas e outros pratos com a cara ótima, às vendas nas principais livrarias de Buenos Aires. O design do livro é da Vero Pasman, da
Burbuja de Papel, a papelaria para crianças de que já falei aqui. Juliana preparou o cardápio de restaurantes com comidinhas gostosas e leves, como o
Meraviglia, com saladas fantásticas que eu adoro, e o
Boulevard Saenz Pena, em Tigre. Agora acabei de ler no blog da Burbuja que Juliana está preparando o segundo livro, também projetado pela Vero Pasman. Pela segunda foto, dá pra ver que vem coisa gostosa por aí!
By the way, gosto muito de folhear livros de receitas e revistas como a elgourmet, e também de assistir a programas de culinária na televisão. Eu me divirto vendo a pessoa preparando coisas aparentemente fáceis e gostosas. É assim com Nigella (ainda passa?), Oliver e Claude Troisgros. Também me divirto com Hell's Kitchen e, por que não, com a Ana Maria Braga, que passa duas vezes por dia em Buenos Aires. Ou seja, se você perde de manhã, ela volta de tarde.
Fiz até um curso rápido de cozinha, a pedido do meu marido, e não vamos nos perguntar por que cargas d'água ele sugeriu que eu fizesse esse curso. Alegou que era para eu me divertir numa grande cozinha bacana, mas a cozinha lá de casa não é igual à do curso e, além disso, a cozinha não é necessariamente o cômodo da casa onde eu mais me divirto. Existe um gap entre folhear livros e assistir a programas de culinárias, e pilotar um fogão. Falta ainda vontade política para cozinhar com prazer.
Meu curso, como já disse, foi rápido. Oito classes. No Instituto Argentino de Gastronomia. Era um curso de técnicas básicas. Mas que, na minha opinião, não tinha muita coisa básica. Se você é do time que não acha básico desossar um frango ou amarrar o bicho com barbante para cozinhá-lo inteiro assado no forno, sabe do que eu estou falando. Rélou, alguém pode avisar essa gente que vendem no supermercado o frango na bandeja sem pele, sem osso, prontinho pra cozinhar??? Ah, aprendi a cortar legumes em vários formatos - coisa boa para mudar a cara do prato para as crianças -, a fazer milanesas ao forno, um bom peixe assado, os pontos da carne e outras dicas interessantes que agradaram em casa e fizeram juz ao dinheiro
gasto investido no curso. O professor, ao saber da minha nacionalidade, cantarolava Chuva de Prata enquanto decifrava as receitas, numa empolgação que animava a turma formada por advogados, contadores, estudantes de turismo, professora de francês... uma galera bastante heterogênea sem nenhuma pretensão de virar chef, apenas de comer uma coisinha diferente em casa, ou que fosse apenas no momentinho da degustação no fim da aula.
Aqui entre nós, vamos combinar que o tornedor de filé altíssimo poderia ser cortado em três para as crianças lá em casa. As receitas que levavam reduções no álcool foram cortadas do meu cardápio, pois temo não reduzir o suficiente e saírem todos embriagados da mesa. Portanto, adaptei alguns conhecimentos adquiridos para o meu cotidiano. Ou quem tem tempo de cozinhar uma sopa de cebola ou um molho de tomate por três horas? Lá em casa, a comida tem que sair em meia hora. No máximo! Mas ficaram na memória algumas dicas que achei o máximo e que valem a pena dividir aqui com quem precisa agilizar a vida na cozinha:
- tenha um bowl para os resíduos quando for cortar e preparar alimentos. Nada mais terrível do que saquinho de supermercado molengo encima da pia para cascas de legumes e gordurinha de carne;
- deixe muitas colheres a mão para provar a comida enquanto cozinha. Não use a mesma colher para provar mais de uma vez e jamais chupe os dedos para provar a receita. Isso é considerado um comportamento quase Neandertal.
- faça uma
mise en scene preparando a
mise en place. Ou seja, deixe tudo cortadinho bonitinho em potinho antes de começar a cozinhar, como nos programas de televisão. Dizem que facilita a vida. Traduzindo: se você não tem um ajudante, entre na cozinha mais cedo.
- quando estiver preparando a milanesa, tipo passando o bifão no ovo e na farinha, tente fazer isso com apenas uma mão e deixe a outra disponível, porque quando você estiver com as mãos melecadas, o telefone irá tocar, e aí você terá uma mão livre e limpa para atender o infeliz que estiver ligando enquanto você está atolada na cozinha. Pode acreditar, porque é isso mesmo.
- No mais, é tudo uma questão de atitude. Desde que comecei a polvilhar o sal com aparente segurança, os comensais da minha casa passaram a acreditar mais nos meus dotes culinários. Ah, mas se eu tivesse as luvinhas transparentes da Ana Maria... ninguém me segurava!
